17 outubro 2011

Afim Sexo de Cam?

Considero o sexo na cam como Voyeurismo (prática que consiste num indivíduo conseguir obter prazer sexual através da observação de outras pessoas. Essas pessoas podem estar envolvidas em atos sexuais, nuas, em roupa interior, ou com qualquer vestuário que seja apelativo para o indivíduo em questão) dos tempos modernos.
Creio que seja uma maneira de ter sexo rápido (sem sair de casa) e seguro (sem se sujeitar a agressões nas ruas ou doenças). Não tenho nada com contra essa pratica, ela é até bem segura se formos considerar suas vantagens. Em particular não vejo nisso algo muito excitante, estimulador, preferiria o bom filme de sexo.
Fico me perguntando se as pessoas que partem para esse tipo de pratica se não estão nessa para fugir da realidade, se de fato se satisfazem, se não tem medo de partir pro mundo real... É evidente que muitos casais, de namorados ou não também usam este tipo de mecanismo para matar as saudades de seus parceiros (as), creio que isso os ajudou muito.
Para quem gosta da “parada” a sites especializados com pessoas que estão dispostas a um sexo gostoso virtualmente, chats, MSN, Skype, e salas de bate-papo também podem ajudar.  Acho legal quando as pessoas falam logo sobre suas intenções para não surpreender nu o que está na frente da outra webcam. Sem falso moralismo cada um deve fazer o que queira desde que não desrespeite o outro.
Bom também ter cuidado para não agredir seus parceiros (as) com o uso da cam, bem como, ter cuidado como programas que copiam e transmitem imagens ou vídeos que possam vir prejudicá-lo ou expor-lo ao ridículo, de pedofelos..., afinal você não conhecer a índole, o caráter de quem está do outro lado. Já pensou você cair na net com o que não gostaria de mostrar.
Bom uso da webcam.

11 outubro 2011

Casado Procura Sexo com Homem

Dizer o que do tema desta postagem? Há coisa que não consigo aceitar, talvez, tentar respeitar. Como encarar um cara que tem sua esposa e busca sexo com outros homens? Creio que seja perfeitamente aceitável desde que sua mulher saiba de suas aventuras sexuais, consigo aceitar também quando o camarada é bissexual e vive alternando relações com sexo e outro, claro que mediante prevenção e sem casar enganar sua parceira.
Creio que homens deste tipo, casados que buscam sexo com outros homens, nunca serão felizes, ou ainda que nunca conseguissem ter coragem para assumir o que realmente são o que lhes faz feliz. Há entre eles os que fazem de tudo para suas esposas e filhos viajarem para levar para dentro de suas casas outros parceiros. Verdadeiros caras-de-pau, sem personalidade, medrosos é essa definição que tenho sobre eles.
Teve um episódio de uma mine serie da TV Globo, “As Cariocas”, que julguei muito bacana, de uma forma meio engraçada um casal acabou sabendo que estava envolvido em uma triangulo amoroso entre dois homens e uma mulher, perfeito que foram o suficientemente capazes de se encarar e levar a frente aquela relação a três sem falsos moralismos ou hipocrisia. Sei que na vida real isso é mais difícil de acontecer, porém ficar enganado alguém não é algo aceitável.
Por volta de 2004 conheci um cara muito “dez”, não era lindo, mas atencioso beijava muito bem, limpinho e cheiroso, ótimo de cama, descolado..., mas tinha um grande problema, só podia me encontrar pela parte do dia, estranhei, mas como afirmava que trabalhava e estudava muito conclui que era por isso.
Em uma noite de quinta-feira recebo um telefonema dele falando que estava com saudades, que legal, que papo gostoso, no melhor da conversa, eu ouvi através da ligação ao fundo o grito de uma criança, meu filho caiu diz o cara meio como reflexo. Simplesmente fiquei bobo com aquilo.
Dias depois ele foi até minha casa e lá revelou toda sua vida, ele era casado, evangélico, pai de um lindo bebe... , depois daquele momento ainda teve a cara de pau de perguntar se tudo continuaria do mesmo jeito entre nós. Claro que não, foi minha resposta. Imagina está em uma relação com alguém que você a terá somente por instantes, ou sobras, pela metade, ainda mais enganando alguém inocente.
Minha resposta foi: Velho fica com tua mulher, você é mais importante para ela agora que tem uma criança em jogo, mas assim que der toma vergonha na cara e assume que você gosta de macho...
Na vida não precisamos assumir para o mundo do que gostamos, nem para mãe, pai, irmãos, parentes..., mas temos que ter hombridade e caráter de não enganar alguém desta forma, afinal você não gostaria de ser tratado do mesmo modo.

04 outubro 2011

A homossexualidade na História - Da Antiguidade ao século XIX

Deste o princípio, a prática do homo-erotismo está presente na sociedade humana. Há registros desse comportamento sexual entre povos selvagens, na natureza e entre os animais. Neste trabalho de pesquisa está relatado como a ótica da moral de cada sociedade, das ciências e das filosofias, encarou esse fenômeno da natureza.

Egito (Séc V a.C.
Existiu na cidade de Tebas (que por mais de 2000 anos foi a maior e mais próspera cidade, considerada sagrada, do Egito) um exército de homossexuais. O grupo militar era formado por mais de 150 casais de amantes. No Egito, quando um jovem se alistava, o seu equipamento era dado por seu parceiro. Através de inúmeras e espetaculares lendas, o Sagrado Exército de Tebas, como era chamado, foi transformado em lenda, mantendo-se invicto por mais de 40 anos, perdendo apenas para Felipe, rei da Macedônia, pai de Alexandre o Grande. Alexandre posteriormente destruiu a cidade. Entre os registros egípcios existe um conto sobre duas divindades que vêm para a terra e fazem sexo com dois homens. Os nobres possuíam escravas e escravos para a prática sexual, além dos jovens pajens.

Grécia (séc. III a.C.)
O berço da filosofia, terra que nos fez herdar belezas arquitetônicas, foi o celeiro de muitas de nossas ciências e da democracia. Exemplos de homossexualidade na Grécia não são limitados aos mortais, na ficção está a maior demonstração da abertura do pensamento grego sobre o tema

Na mitologia
A mitologia grega está recheada de deuses, semi-deus e seres bissexuais ou homossexuais. O casal mais famoso de todos é formado por Zeus e Ganimedes. Hércules, famoso por suas habilidades e força, também amava a Filoctes, Nestor, Adônis, Jasão e outros, mas o seu amor era notório pelo sobrinho Iolau. Apolo, deus da beleza e da eterna juventude, além de seus incontáveis amores femininos, possuiu inumeráveis homens. O rapto de jovens era comum, aconteceu com Himeneu, Ciparisso, Carnus, Hipólito, entre outros. Já o Deus do vinho, Dionísio, gostava de festas e banquetes.

Cultura
A educação dos meninos atenienses se dava através de laços de amizade e pratica homossexual com seus mentores. Um cidadão que não exercesse a adoção de jovens, e se encarregassem de sua educação, era acusado de omissão em seus deveres como cidadão. Era uma obrigação social tão importante quanto pagar impostos. Os meninos após os 12 anos de idade, nunca abaixo dessa idade, procuravam um adulto para sua educação. Com a aprovação da família e do garoto, este praticava sexo homossexual passivo até completar seus 18 anos de idade com o mentor que lhe ensinava tudo o que sabia sobre a vida. A partir de então, tornava-se ativo e deveria ser mentor de outro jovem, para posteriormente casar-se, próximo a completar 25 anos de idade. Obviamente, muitos continuavam com a prática homo. Homens para o prazer, mulheres para a procriação, dizia a regra social da época.
De fato não há registro de que a homossexualidade tenha sido amplamente aceita na Grécia antiga, muito menos que tenha sido encarada como um problema, como acontece nos dias de hoje. A bissexualidade era vista como prova de virilidade e o sexo homossexual apenas como sexo carnal, troca de energias.

Olimpíadas
Os jogos olímpicos da antiguidade eram exclusivos para homens. Neles, os atletas competiam pelados e ao final de cada dia havia uma grande comemoração. Não existia a competição, ganhadores ou perdedores, era uma celebração saudável ao corpo e mente humana.

Platão, Sócrates e Safos foram os homossexuais mais famosos deste período, suas idéias, resgatadas na Renascença, foram determinantes para o fim da era das trevas.

Roma
Nenhum outro império foi tão poderoso, extenso e glorioso quanto o romano. Dos últimos 15 imperadores, apenas um (Cláudio) não deixou referências quanto a sua homo ou bissexualidade. Julio César, Tibério, Calígula, Nero, Adriano, Heliogábalo, Galba, Caracala, entre outros, foram adeptos do amor proibido. A luxúria, acompanhada da ostentação e riqueza, era grande. Nos palácios ocorriam verdadeiras orgias. Vestir-se de mulher era uma brincadeira comum, como acontece em nosso Carnaval. Até Constantino (312 D.C), a homossexualidade não seria encarada como um problema por nenhuma sociedade. Embora algumas religiões citem o episódio de Sodoma e o Velho Testamento, tradutores garantem que houve um erro de tradução, no primeiro caso, e uma grotesca alteração, no caso do segundo, durante a Idade Média.

Idade das trevas – Idade Média
Durante a Idade Média o mundo mergulhou na ignorância. A vontade de Deus era o argumento para todas as ações, inclusive em situações cruéis. A ascensão do Cristianismo em Roma reverteu os valores da época, caçou hereges e perseguiu os diferentes. O papa passou a ter um poder divino sobre a terra, dividindo com os imperadores o governo das nações, influenciando como nunca o futuro da humanidade. O conhecimento ficou restrito aos nobres e aos clérigos. Através do saber manipulou-se os interesses dos homens, a escravidão religiosa gerou uma igreja próspera e de violência generalizada.
A religião de Roma prosseguiu. Diversos são os relatos de ontem e de hoje sobre casos de homossexualidade dentro das religiões. Papas homossexuais fizeram parte da história da Igreja. Como João XXII, que chegou a ser expulso e trazido de volta, por causa das suas orgias bissexuais. Tendo sido assassinado a pauladas, em 964, aos 24 anos, por um esposo traído que o pegou em flagrante.
Em 1123, foi declarada a nulidade de casamentos de padres. Mulheres, animais fêmeas, adolescentes belos e até instrumentos musicais foram proibidos nos mosteiros, a fim de diminuir a tentação aos religiosos. Cantos que misturavam tons muito agudos foram retirados com o pretexto de serem homoeróticos. A pureza da alma agora dependia do sexo e do desejo.

Inquisição
O papa Gregório instituiu o direito ao Tribunal do Santo Ofício, em 1231, e ordenou o combate às mazelas difundidas em toda a Europa. Somente em Estrasburgo, na época território alemão, foram queimados mais de 80 homens, mulheres e crianças, somente no primeiro ano da inquisição. A prática de extorsões, crimes políticos e de tortura também foi observada. Os homossexuais foram tão perseguidos que, somente no Brasil, já no século XVII, foram registradas 4.419 denúncias de sodomia, dos quais, 30 foram enviados à Metrópole e condenados à fogueira. Muitos fidalgos portugueses fugiam para a colônia em busca de sossego da Inquisição.
A sodomia era considerada a pior das heresias. Para homossexuais, a idade justificava a pena. Após confissões obtidas na base da tortura, o indivíduo abaixo de 15 anos era recluso por 3 meses. Acima dessa idade, deveria ir preso e posteriormente pagar multa. Os adultos deveriam pagar multas, caso contrário tinham suas genitálias amarradas e deveriam andar nus pela cidade, serem açoitados e depois expulsos. Caso fossem maiores de 33 anos, o acusado seria julgado, sem direito a defesa e, caso condenado, morto em fogueira e seus bens confiscados. Apesar de todo os esforços, nesse mesmo período existem relatos de pelo menos dois papas homossexuais: Paulo II e Alexandre VI.

Renascença
O retorno das idéias gregas e romanas. Dois fatores foram cruciais para o sucesso desta virada de página na humanidade. O fortalecimento da burguesia, através do comércio e artesanato, e o segundo, sem dúvida, a invenção da prensa gráfica móvel em 1456 pelo alemão Gutemberg. Com isso, a escrita passou a ser popularizada. Os livros produzidos pelos monges escribas e dominantes da escrita não eram acessíveis à maioria da população. Embora o primeiro livro publicado tenha sido a Bíblia, em menos de 10 anos o volume de obras ultrapassou o que os monges conseguiram fazer a mão em quinze séculos. Infelizmente, na Idade Média, muitas obras acusadas de heresia foram perdidas para sempre. Porém, fragmentos da antiguidade e novos títulos sugiram e impulsionaram o pensamento humano.
Com defensores públicos do amor entre iguais, a homossexualidade foi tornando-se causa de penas leves e raras execuções. Os mestres Leonardo da Vinci, Botticelli, Michelangelo eram homossexuais. Novos ares de liberdade inebriavam a história, mas os homossexuais ainda seriam atacados pelos protestantes, que apesar de defenderem a educação de seu povo passaram a ver os homossexuais e as prostitutas como escória social na terra e no reino divino, voltando para estes grupos os julgamentos e execuções.

O Oriente
Em 1541, Francisco Xavier foi o primeiro missionário a chegar no Japão e à China. Chegando nesses países e visitando um grande monastério Zen, presenciarou a falta de pudor destes povos ao “copularem contra a natureza”. Mais tarde, os jesuítas relataram que a sodomia também era comum entre os samurais. Na China, outro missionário relatou que a existência de um grande número de prostitutas e sodomia generalizada. A visão ocidental passou a interferir na tradição milenar do oriente, apenas no século XIX, com o aprimoramento da comunicação, e invasão de territórios orientais por europeus.

As Américas pré-colombianas - Antes da chegada do europeu neste continente.
Em toda a América do Norte foi observada a prática de sodomia entre as tribos nativas. O travestismo era comum em tribos como os Sioux. Ao povo asteca existia até um deus patrono da homossexualidade e da prostituição, xochipili. Práticas rituais com sexo entre homens também foram relatadas. Prisioneiros e escravos mais uma vez eram vítimas de estupros.
Na América do Sul
Em tribos de caçadores, os homens que não gostassem de desempenhar o papel social de seu gênero poderia juntar-se às mulheres nos afazeres da agricultura e cuidados domésticos. Para participar do grupo feminino deveria deixar os cabelos alongados e ser passivo no sexo. Os conquistadores europeus caçavam os nativos travestidos, conforme ensinado em sua terra natal. O termo bugre, sinônimo de índios, vem do termo francês bougre que significa herege, sodomita.

No Brasil
O sexo homossexual sempre fora praticado entre os índios. Em algumas tribos, essa era a forma de curandeiros passarem seus conhecimentos. Rituais de iniciação fazem parte da tradição do índio entrando na puberdade, em muitas comunidades inclui-se a iniciação sexual. O baito, tenda dos homens, foi presenciada no Séc. XIX pelo naturista alemão Karl Von den Steiner. A falta de mulheres disponíveis na tribo também era resolvida de forma prática.

Brasil Colônia
Em 1584 aconteceu a primeira visita do Santo Ofício da Inquisição no Brasil. A Bahia foi o local desta inspeção motivada pela observação das pessoas que retornavam a Portugal, que possuíam hábitos de libertinagem.
 Durante a escravidão, a homossexualidade foi naturalmente praticada pelos negros, uma vez que a prática ainda não havia sido coibida em seu continente. Tanto os homens quanto as mulheres eram vítimas de estupro por parte dos capatazes e senhores de engenho. Alguns historiadores afirmam que Zumbi dos Palmares, o herói negro brasileiro, também era homossexual.

Iluminismo (Séc. XVIII)
A idade do ouro. O século das luzes tomou conta Europa e posteriormente do mundo. As idéias de racionalismo, da ciência, de um homem que se tornava cada vez mais humano. Com isso, a Ciência tomou conta de caracterizar a homossexualidade como doença. Na verdade, foi descrita entre doença e etnia, como se através das características de comportamento do indivíduo ele fizesse parte de um grupo étnico. O mundo ainda era extremamente machista e fundamentalista. Tudo precisava ter uma explicação. Os anos de ignorância geraram fome de conhecimento. A partir daí para a invenção da luz elétrica, mecanismos movidos a vapor. A revolução francesa marca o fim do feudalismo e representa a luta por melhores condições de vida, de trabalho: liberdade, igualdade e fraternidade. Para o homossexual (sobretudo àqueles sem contatos políticos) existiam agora três pesos: o Estado, a Igreja e o povo. Diversas experiências de cura de homossexuais foram empregadas, obviamente, sem sucesso.




02 outubro 2011

Os santos gays na Igreja Católica

Hoje em dia é muito comum que as principais religiões monoteístas do mundo façam uso de seus “livros sagrados” para lançar condenações contra os homossexuais, e vociferar maldiçoes e pragas de modo insidioso, dizendo que a pratica sexual entre os gays é uma “abominação aos olhos do Senhor” (Levítico 18:22).
E todos os dias, padres e pastores pregam em seus púlpitos e altares, sermoes contra o homossexualismo, instilando o vírus do preconceito e ódio em seus fieis, fazendo dele um meme (Dawkins, lembra ?) que se perpetua, fazendo com que essa corrente de intolerância seja difícil de ser quebrada.
Mas não foi sempre assim.
Ha alguns séculos atras, as coisas eram bem diferentes. Não vamos nos esquecer que a homossexualidade era amplamente tolerada, praticada normalmente sem que ninguém os recriminasse, ou promovesse perseguições até à morte. Com exceção de um primitivo povo que vivia na Palestina, é claro. E o texto abaixo, deve ajudar a esclarecer um pouco sobre um tema que é bem sensível à Igreja Católica, que com certeza ela não gostaria de ver divulgado. Ainda mais com ela mergulhada em escândalos de pedofilia, um papa inativo e omisso, protestos dos evangélicos contra a PL-122, o ódio religioso contra os gays, as tentativas de impedir o casamento gay pelo mundo, e assim por diante. Mas o mundo muda, “o mundo é um fogo eterno que não se apaga“.
Os santos
Para o cristianismo, santo é aquela pessoa que viveu de forma exemplar, seguindo todos os mandamentos com heroísmo e morrendo “em odor de santidade”. E as diversas igrejas que hoje seguem a doutrina cristã (a católica, a ortodoxa ou as varias denominações protestantes) ensinam que o papel mais importante dos santos é servir como elo entre o homem e Deus, operando milagres em assuntos distintos, de acordo com o tipo de vida que levaram ou por algum acontecimento isolado de suas vidas. Por isso, cada santo tem uma “especialidade” e uma data dedicada a ele, quer seja o dia de seu nascimento, de sua morte ou, ainda, de quando se converteu ao cristianismo.
O que poucos sabem é que existem homens e mulheres homossexuais consagrados como santos e santas.
E não só os gays, mas também haviam os santos zumbis. Havia um artigo no extinto blog “Religião é Veneno” que falava bastante sobre o Necrocatolicismo. Uma pena, esse material seria ótimo como base para um futuro artigo.
O historiador da Universidade de Yale John Boswell (1947-1994), autor de inúmeras obras sobre o assunto, publicou suas pesquisas sobre a existência e a historia de santos gays em dois livros com maior ênfase: Christianity, Social Tolerance and Homosexuality (Cristianismo, Tolerância Social e Homossexualidade) e Same-Sex Unions in Premodern Europe (Uniões do Mesmo Sexo na Europa Pré-Moderna).
Em seus estudos, Boswell aborda desde a historia de Perpétua e Felicidade na Antiguidade (ama e escrava que se tornaram santas populares entre a comunidade gay devido ao profundo afeto que as unia), ate os santos considerados “patronos” das uniões homossexuais, São Sérgio e São Baco.
São Sérgio e São Baco
No começo do século IV AEC, na região onde atualmente fica a Síria, viviam Sérgio de Resapha e Baco de Barbalistus, considerados um casal de amantes. Nobres romanos, eles tinham altos cargos no exercito do imperador César Maximiliano, quando então se converteram e se tornaram cristãos. Entretanto, como o cristianismo era considerado uma seita perigosa, eles foram denunciados, presos e torturados brutalmente para abjurarem a fé crista e voltarem aos deuses romanos. Baco morreu logo, mas Sérgio teve de suportar intensos sofrimentos ate ser, finalmente, decapitado.
O fato de formarem um casal, contudo, não representava um problema. Segundo Boswell, não só a Igreja Católica da época acolhia bem os homossexuais como também celebrava casamentos entre eles, o que perdurou ate o século XV.
São Aelred de Rievaulx
Em 1134, aos 24 anos, Aelred entrou para a Ordem Cisterciense. Em 1147, tornou-se abade na cidade inglesa de Rievaulx, onde viveu como monge celibatário pelo resto de sua vida.
Em seus escritos, prevenia ardentemente seus companheiros de clausura sobre as dificuldades da abstinência sexual – agravada, no seu caso, por sua inclinação tanto por homens quanto por mulheres. Ele também conta que, quando ainda noviço e responsável pelo treinamento de jovens, usava um tanque cheio de água gelada para mergulhar e assim poder controlar seus desejos carnais.
Aelred era um homem de paixões fortes, que falava abertamente de seus relacionamentos, inclusive de sua paixão por outro rapaz em seus tempos de escola. De todas as contribuições que deixou para a Igreja, a mais importante é a certeza de que podemos nos aproximar mais de Deus através das relações que cativamos.
São Sebastião
Embora existam imprecisões na historia do santo mártir, sabe-se que, em 286 EC, ele era capitão da guarda pessoal e homem de confiança do imperador romano Diocleciano, mesmo sendo cristão convicto e confesso (alguns, por isso e outros motivos, acreditam que eles eram amantes). Denunciado por manter conduta branda com prisioneiros cristãos, foi condenado à morte com flechadas, com a intenção de prolongar ao máximo seu sofrimento. Diz a tradição que foi socorrido e curado por Santa Irene.
Assim que se recuperou, se apresentou diante do imperador para censurá-lo por sua crueldade com os cristãos. Diocleciano mandou que seus guardas o espancassem ate a morte, o que ocorreu no dia 20 de janeiro de 288.
Os simbolismos da historia do santo – um homem perseguido, martirizado e condenado à morte por assumir a sua condição (de cristão) – acabaram por influenciar vários celebres artistas homossexuais ao longo dos dois últimos séculos, que se apropriaram tanto da historia quanto da imagem de São Sebastião (leia-se as iconografias andróginas feitas por artistas renascentistas) para criar uma auto-imagem, uma referencia gay universal. Entre eles, Oscar Wilde, Federico Garcia Lorca, Rainer Maria Rilke, Thomas Mann, Yukio Mishima e Jean Cocteau.
Nas ultimas décadas, com a organização e crescimento de movimentos GLBT, São Sebastião acabou sendo adotado por homossexuais do mundo inteiro, e hoje ate a cultura popular o reconhece como “santo padroeiro dos gays”.
As Uniões Homossexuais
Segundo o historiador Boswell, a união entre duas pessoas do mesmo sexo era comum na Europa cristã até meados do século XIV. E a Igreja Católica da época não só aceitava os casais homossexuais como também celebrava a união. Na oração de bênção utilizada na cerimônia são citados os apóstolos Felipe e Bartolomeu, acrescentando outra evidencia à forte tradição (ou lenda), que existe desde o inicio do cristianismo, segundo o qual eles formavam um casal. Vejamos abaixo:


“Ó Senhor, nosso Deus e governante, que fizeste a humanidade à Sua imagem e semelhança, e lhe destes o poder da vida eterna que aprovastes quando seus santos e apóstolos Felipe e Bartolomeu se uniram, juntos em par, pela lei da natureza e pela comunhão do Espirito Santo, e que também aprovastes a união dos seus santos, mártires, Sérgio e Baco, benditos também a estes servidores (…), unidos em casal pela natureza e pela fidelidade. Permita, Senhor, que eles amem um ao outro, sem ódio, e possam continuar juntos sem causar escândalo, todos os dias de suas vidas, com ajuda da Santa Mãe de Deus e de todos os seus Santos, porque Tu és o poder e o reino e a gloria, Pai, Filho e Espírito Santo”.
Para mais referencias sobre o assunto, vejam em Homossexualidade na Igreja – Uma Tradição Medieval. E em relação à Igreja e os Gays,
Em minha opinião, se os homossexuais soubessem que tais casamentos homoafetivos eram realizados pela ICAR até o século XIV conforme alega Boswell, eles teriam um motivo histórico e politico muito forte para lutarem por seus direitos e desmoralizar a posição da Igreja Católica, além de inúmeras seitas homofóbicas do protestantismo  evangélico. É uma pena que o livro de Boswell não esteja disponível em português aqui no Brasil, creio que seria uma leitura muito interessante.

Este texto não é de minha autoria, foi retirado do link: